quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Existência de Deus II

Este artigo é o segundo da série sobre a Existência de Deus. (leia a parte 1)

Se todo efeito tem uma causa, o que foi que causou o Universo? A única possibilidade do Universo existir é que alguém (ou algo) fora dele o tenha criado.


Embora eu não lembre do tempo em que era um bebê, minha observação me inclina a pensar que os bebês não questionam as coisas. Tudo que um bebê sabe é que ele recebe alimento, amor e cuidado de sua mãe, e para ele isto é suficiente.

Mas à medida que este bebê começa a crescer, ele passa a questionar as coisas ao redor. Talvez a grande virada aconteçar a partir dos 3 ou 4 anos, quando ele começa a perceber a relação que existe entre as coisas. Ele começar a perceber que algumas coisas acontecem por causa de outras. E é aí que começa a terrível idade dos "por quês".

Por que o céu fica preto de noite? Porque de noite não tem a luz do Sol. Por que de noite não tem a luz do Sol? Porque o Sol se esconde. Por que o Sol se esconde? Por que a Terra gira, e o Sol fica do outro lado da Terra. Por que a Terra gira? Ah, pergunta prá tua mãe!

Geralmente a paciência do pai termina quando chega a pergunta para a qual ele não tem uma resposta.

Mas o que a criança descobriu é (em palavras de adulto) a "causalidade". (não casualidade). Isto é: todo evento é conseqüência de outro evento. O céu fica preto porque de noite a luz do Sol não chega até nós, a luz do Sol não chega até nós porque o Sol se esconde, o Sol se esconde porque a Terra gira, e assim por diante.

É importante notar também que se o evento A causou o evento B, o evento A necessariamente tem que ter acontecido antes do evento B. Por exemplo, a luz do Sol não chega até nós de noite (evento B) por que o Sol se esconde (evento A). Para que a luz do Sol não chegasse até nós, foi necessário que primeiro o Sol se escondesse.

Vamos seguir pela lógica, então. Se fizermos como a criança e continuarmos perguntando "por que" infinitamente, iremos indo cada vez mais para trás no tempo, seguindo uma cadeia interminável de eventos, até que cheguemos em uma das duas possiblidades:
  1. Encontremos um evento que não tenha uma causa.
  2. Vamos para o passado infinitamente, o que significa que o Universo sempre existiu, "eternamente no passado".
Desde os tempos dos antigos gregos, os filósofos têm se dividido entre estes dois pontos. No entanto, a ciência moderna tem descoberto que tudo no Universo aponta para a idéia de que o Universo teve, de fato, um começo.

O Big Bang

A ciência atual aponta para este começo como sendo o Big Bang, uma grande explosão onde uma grande quantidade de matéria e energia extremamente compacta explodiu há 13.7 bilhões de anos atrás dando origem ao Universo. O Big Bang, dizem muitos, é a explicação para a origem do Universo.

Mas embora o Big Bang (quer você concorde com essa teoria ou não) aponte para um momento inicial, a dúvida principal ainda permanece: o que causou o Big Bang? De onde veio toda aquela matéria e energia? E o que fez com que isto explodisse?

E ainda que estas repostas pudessem ser respondidas, digamos, "o Big Bang foi causado por um evento X", novamente isto não responderia a pergunta. Por que algo teria que ter causado o evento X, e aquilo que causou o efeito X também teria que ter uma causa, e assim por diante, infinitamente.

Levando isto tudo em consideração, existe apenas uma possibilidade: que algum evento (ou pessoa) fora do Universo tenha causado o evento que deu início ao nosso Universo - e obviamente, a única pessoa pessoa ou evento possível é Deus.

Qual Deus?

"Espere aí?", já posso ouvir os milhões de leitores cristãos deste blog afirmarem, "isso não prova nada! Um muçulmano podeira dizer que a Causa Inicial é Alá, um hindu pode dizer que é o seu deus preferido, e um praticante da Nova Era pode muito bem dizer que este criador não passa de uma Energia Cósmica."

Realmente. Não quero usar este argumento para provar que o Criador é o Deus dos cristãos. Esta discussão vem depois. O que quero dizer é que é impossível que um Criador não exista. Quem Ele (ou ela, ou eles, ou isso) seria, isto é uma discussão que vem depois.

Quem criou Deus?

Por que, alguém pode perguntar, não aplicar a mesma filosofia a este argumento e perguntar "e o que causou Deus?" ou, mais especificamente, "quem criou Deus?"

Lembre-se daquilo que discutimos antes: o princípio da causalidade não menciona apenas a relação entre causa e efeito, mas também o tempo: a causa está sempre antes do efeito.

É preciso lembrar que o Universo é formado por duas dimensões: espaço e tempo. Antes do Universo começar, nenhum desses dois existia: nem o espaço, nem o tempo. O tempo começou a correr com o início do Universo.

Fora do Universo, as leis da Física não se aplicam - elas são específicas ao Universo onde vivemos. Assim como Deus não está preso no espaço, ele também não está preso no tempo. Ele não existe, ele é. E é exatamente isto que o nome do Deus dos cristãos - Jeová - significa: Eu Sou. Se dizemos que Deus começou existir em um determinado momento do tempo, estaremos aplicando uma lei específica a este Universo a algo que está fora dele.

Conclusão

Não é possível que Deus exista - é necessário. É impossível que Ele não exista. Se Ele não existe, nada mais pode existir.

Esta argumentação não prova que o deus criador é o Deus dos cristãos. Esta nunca foi a intenção. A única intenção foi dar o primeiro passo - mostrar que Deus existe. Daremos os outros passos depois, nos próximos artigos.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Existência de Deus I

Geralmente os argumentos usados pelos cristãos para provar a existência de Deus são fracos, e isto lhes fará falta nos momentos mais difíceis, onde se sentirão tentados a abandonar a fé.


Um dos momentos mais cruéis na vida de um homem é quando sua esposa ou namorada pergunta: "Você acha que eu estou gorda?" Este é um momento que exige muito cuidado, mas também muita rapidez. Olhar para ela e dizer que "não" é um grande erro - o homem olhou para ela, o que implica que ela pode estar gorda, o que geralmente é interpretado como "você está gorda". O "sim" precisa ser rápido e enfático, de preferência antes que ela termine de pronunciar a última palavra de sua pergunta.

Vejo que a maioria dos cristãos trata a pergunta "Você acredita em Deus?" da mesma forma. Qualquer resposta diferente de um "sim" rápido e enfático é tratado como um grande pecado, como se tivessem medo da possibilidade dele realmente não existir. E é aí que entra a pergunta: como uma pessoa que nunca questionou seriamente a existência de Deus pode ter tanta certeza que Ele realmente existe?

Se questionados a respeito da existência de Deus, a maioria dos cristãos comuns darão respostas nos seguintes termos:

  1. Eu sei que Deus existe porque a Bíblia assim o diz.

  2. Eu sei que Deus existe porque eu sinto o amor Dele.

  3. Eu sei que Deus existe porque Ele mudou a minha vida.

  4. Eu sei que Deus existe porque o Universo é tão belo e perfeito.

  5. Eu sei que Deus existe porque mais de 90% da população do mundo acredita em Deus.

  6. Eu sei que Deus existe porque se ele existir, eu vou para o céu, e se ele não existir, não perco nada. Mas se eu me tornar um ateu e ele existir, eu irei para o inferno.

  7. Eu sei que Deus existe porque cada variável da constituição do nosso planeta e nosso Sistema Solar é tão perfeita que se apenas uma destas variáveis fosse levemente alterada, acabaria com a vida neste planeta.


Vamos analisar um pouco cada um destes argumentos.

O primeiro argumento ("Deus existe porque a Bíblia assim o diz") é o mais fraco de todos. A autoridade da Bíblia está no fato de que Deus é - direta ou indiretamente - o seu autor. Ora, se Ele não existe, como pode ser o autor da Bíblia? Este tipo de falácia é conhecida como argumento circular, uma vez que o próprio argumento depende da conclusão. A própria Bíblia não tenta provar a existência de Deus - ela simplesmente pressupõe isto.<

O segundo argumento ("Deus existe porque eu sinto o amor Dele") não é necessariamente inválido, mas é excessivamente pessoal e subjetivo. Assim como uma pessoa pode "sentir o amor de Deus", outra pode "sentir que Deus não existe". Este tipo de falácia é chamado argumentum ad hominem, onde o argumento depende de um sentimento pessoal.

O terceiro argumento ("Deus existe porque Ele mudou a minha vida") segue a mesma lógica. Embora seja um argumento muito válido (eu mesmo tenho visto a diferença que Deus tem feito na vida de muitas pessoas), é por demais subjetivo: um muçulmano pode dizer a mesma coisa de Alá, ou um ateísta a respeito de uma determinada filosofia humanista. Deus pode ter mudado a sua vida e isto serve de testemunho a você, mas para outra pessoa que não teve o mesmo tipo de experiência este argumento perde a sua validade.

O quarto argumento ("Deus existe porque o Universo é tão belo e perfeito") certamente não deveria ser dito a uma pessoa que está sofrendo de uma doença séria! O Universo está longe de ser perfeito - e nós, os cristãos sabemos o porquê. Mas para podermos falar a respeito da queda, precisamos primeiro provar que Deus existe, sob pena de mais uma vez cairmos no argumento circular.

Quanto a beleza do Universo, embora isto seja inegável em certos aspectos (galáxias ou montanhas), certamente é negável em outros (baratas e vermes).

O quinto argumento ("Deus existe porque mais de 90% da população do mundo acredita em Deus") assume que a maioria sempre tem razão. Ora, se isto fosse assim, todo juri declararia um veredito justo, todo presidente eleito seria a melhor opção, e o Flamengo seria o melhor time do mundo! Certamente eu não quero deixar o meu destino eterno nas mãos da "sabedoria da unanimidade". Este tipo de falácia é conhecida como argumentum ad populum, onde a validade de um argumento deriva de sua popularidade.

O sexto argumento ("Deus existe porque o destino eterno dos cristãos é melhor que o de outras religiões") é conhecido como A Aposta de Pascal. Ela é mencionada o seu livro Pensées. O problema é que estes argumentos não provam nada - mesmo que seja melhor ir para o céu do que simplesmente deixar de existir, isto não prova nem desprova a existência de Deus. Na verdade, Pascal não mencionou isto como um argumento pela existência de Deus, e sim como algo para o leitor ponderar em sua própria vida, e não devemos tentar transformar isto num argumento.

O sétimo e último argumento, de que o nosso planeta está tão perfeitamente ajustado para a vida humana, é cientificamente válido. Se o nosso planeta girasse 5% mais devagar, ou 5% mais rápido, toda a vida humana seria extinta. E o mesmo vale para outras variáveis - temperatura, quantidade de oxigênio, gravidade, etc. Mas muito embora este argumento seja válido, ele aponta para Deus, mas não prova a existência de Deus. Porque embora pareça que Deus tenha ajustado o Universo de modo a fazer dele um lar para o ser humano, ainda existe uma probabilidade (pequena, é verdade) de que tudo isto não passa de uma imensa coincidência. Alguem poderia dizer: "se existem milhões de planetas no Universo, cada um com suas variáveis diferentes, algum teria que acabar acertando, não é mesmo?"

Levando todas estas coisas em consideração, talvez o leitor esteja perguntando: "que artigo cristão é esse, que tenta desprovar a existência de Deus"? De modo algum! A questão aqui é a seguinte: se você nunca questionou a existência de Deus, você vai questioná-la no seu momento de maior dificuldade pessoal. Se os seus argumentos forem fracos, ou baseados apenas em sentimentos, no momento de maior provação você mesmo vai derrubá-los, e talvez pensar "que tolo eu fui, de crer em Deus" e então abandonar a fé. Mas se seus argumentos forem fortes, e no seu momento de maior dificuldade, quando se sentir tentado a deixar de crer em Deus, você analisar tudo o que sabe e chegar à conclusão de que é impossível que Deus não exista, é aí que sua fé e sua compreensão de quem Deus é vão crescer.

Hoje eu posso responder à pergunta "Deus existe?" com um forte e decidido "sim!" E é por isso que eu quero lhe convidar a acompanhar esta série sobre a existência de Deus, onde apresentarei nas próximas semanas aqueles os argumentos que acredito serem os mais fortes em favor da existência de um Deus Criador.

Leia aqui a parte 2.